Durante dois cursos ministrados em grandes hospitais da capital paulista, os profissionais da saúde que participaram relevaram que suas principais dúvidas em relação aos medicamentos derivamos da Cannabis são sobre a existência de evidências científicas e como prescrever as substâncias.
Em novembro de 2019, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz promoveu o curso “Cannabis Medicinal”, com o objetivo de introduzir o tema na vida dos profissionais da saúde. De acordo com um dos organizadores, o urologista César Câmara, cerca de 80 pessoas se inscreveram para começar a entender o universo dos canabinoides.
“As dúvidas ainda são muito básicas. Os profissionais querem saber a diferença entre a cannabis medicinal e a de ‘rua’. Querem saber como funciona, se tem literatura médica e, principalmente, como prescrever”, conta o urologista. “Mas daqui há dez anos, essas dúvidas serão águas passadas.”
Outra iniciativa
Outro hospital que recebeu um curso semelhante foi o Hospital das Clínicas, em setembro de 2019. Promovido pelos professores do Centro de Acupuntura do IOT (Instituto de Traumatologia), da faculdade de medicina da USP (Universidade de São Paulo), o evento contou com 90 alunos, que levantaram questões sobre a Cannabis medicinal para tratar dores crônicas e outras patologias.
Segundo o coordenador do curso, Andre Tsai, ex-presidente do comitê de Dor, da Sbot (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), as principais dúvidas foram sobre as evidências científicas em várias áreas terapêuticas e como os pacientes podem ter acesso a estes medicamentos.
“A importância deste tipo de evento reside em aumentar o conhecimento sobre esta nova classe terapêutica e despertar a atenção dos alunos para que busquem mais informação científica. No final das aulas, vários alunos nos procuraram com ideias para desenvolver estudos clínicos no Brasil e já estamos desenvolvendo as propostas juntamente com eles”, afirma Tsai.
Além de Tsai, estão a frente da iniciativa de introduzir o tema da Cannabis para os alunos da USP, Wu Hsing, professor do Centro de Acupuntura do IOT-FMUSP e Wellington Briques, diretor global de Medical Affairs, Canopy Growth.
De acordo com coordenador, em breve, um novo curso na USP será desenvolvido para continuar a ampliar o conhecimento desta nova classe terapêutica.