Canabis Medicinal – Acredite: este assunto te interessa

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A reunião pública “Canabis Medicinal”, realizada no último dia 14, na Câmara Municipal de Curitiba reuniu um público diverso para ouvir, falar e debater sobre a maconha para uso terapêutico. Na plateia desde pessoas que buscavam alternativas para seus tratamentos, dados para seus estudos, até cultivadores associativos – dispostos a colaborar com quem precisa dos compostos medicinais da canábis para uma vida melhor: crianças, adultos ou idosos.

Para começar, o relato de mães que fizeram a escolha de usar a canabis para o tratamento de seus filhos. Pérola de Paula Sanfelice, Patrícia Sarruf e Maria Aline Gonçalves têm filhos em idades diferentes e conseguiram, também há temos diferentes o direito de usar a maconha medicinal para o tratamento de Pétala, Pedro e Vítor. O que elas têm em comum? Tiveram que provar para a Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que nenhum outro tratamento foi eficaz para suas crianças. Fazendo com que tivessem milhares de convulsões a mais, sentissem dores a mais, regredissem mentalmente.

“O que eu mais sinto é indignação. Se o Pedro tivesse tomado Canabidiol quando eu percebi lá (atrás) os espasmos na boca, quanta coisa a gente não precisava ter passado. Se o medicamento tivesse melhor acesso todas as crianças poderiam utilizar. Quantos medicamentos ele precisou tomar? Quanto ele teve que regredir para que ele conseguisse acesso a esse medicamento? Que hoje, mesmo com a liberação e tudo mais, para a liberação da Anvisa, é preciso comprovar que a criança já tentou todos os outros fármacos, antes de começar a tomar o canabidiol. Então a criança precisa regredir tudo. A família precisa sofrer um monte, gastar rios de dinheiro (…) – Patrícia Sarruf

A importância do cultivo associativo – Foi logo que o Vitor começou a usar o CBD que a sua mãe, Maria Alice Gonçalves, vestiu a camisa da maconha e abraçou a canábis com a Abrace – Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança e fundou, em Ponta Grossa/ PR a Florescer PG.

A Associação Cultural e de Apoio Cannábico dos Campos Gerais tem como objetivo apoiar pacientes que fazem uso medicinal do canabidiol, através de palestras, debates e oficinas, gerando conhecimento sobre o tema, além de requerer o direito de plantar cannabis de forma legal para fins medicinais e terapêuticos, evitando os perigos e danos à saúde dos usuários.

A fundação da organização foi uma iniciativa, segundo Maria Alice, necessária para ajudar muitas famílias que buscam a maconha como alternativa medicinal. São associações como a Abrace e a Florescer que se baseiam no cultivo e produção associativa do óleo de CBD que ajudam quem não consegue importar óleos do exterior pela burocracia ou pelo alto valor. Maria Alice acredita que a empreitada individual é bastante difícil, principalmente para quem precisa dedicar-se a um paciente. “Eu admiro muito as mães e os pais que conseguem. Não é simples e não é barato”, ressalta Alice.

Eu já chegava no médico chorando. O médico me falou: temos duas opções: ou dar um remédio para colocá-lo num coma induzido ou um remédio para tirar tônus muscular para ele não ter força para se machucar. Mas isso não vai ter feito para ele. Vais ter efeito para você poder dormir. Eu voltei para casa aquele dia acabada. O que eu vou fazer como o meu filho? Eu não posso ser tão egoísta. Para eu dormir eu vou paralisar o meu filho?”Maria Aline Gonçalves

Para o Advogado Diogo Busse é preciso democratizar a informação para acabar com os estereótipos e mitos que só atrapalham o reconhecimento da canábis como um método de auxílio a saúde; “Não se tata de liberação. E a primeira proposta eu faria é que para todos vocês que querem contribuir para esta pauta, para esta causa, para esta luta, é que não usem mais o termo liberação. Pode ser uma bobagem diante do que está sendo debatido aqui. Não existe o modelo de liberação que consiste na ausência da presença do Estado. O termo regulação é o mais adequado. Até mesmo para afastar o mito de ausência completa do Estado.  O Estado regulando tem muito mais funções, inclusive, de restringir o fluxo de uma determinada substância na sociedade”.

E ainda a participação da química Allen Carolina dos Santos Costa, do controle de Qualidade do Tecpar trouxe ao debate outro ponto de vista, o farmacêutico. O laboratório do estado do Paraná recebeu neste ano as primeiras meses buscando informações sobre o CBD como medicamento. “A principal preocupação dos farmacêuticos do Tecpar após o aparecimento do plantio doméstico se refere a padronização, a questão do controle da qualidade. Apesar de estarmos falando de uma planta, não podemos esquecer que estamos falando de um medicamento. É um ‘óleo milagrosos’, mas ele é um medicamento. Então para a Anvisa ele é um medicamento que não tem embasamento científico, não que não existam diversos artigos falando de diversas doenças, mas a questão dela (a Anvisa) são os estudos clínico. Que é uma coisa bem mais complexa que envolve muito ou poucos pacientes (…). Nós precisamos, pensado em sociedade, nos unir, nos unir como cientistas e buscar a coleta desses dados. Porque vocês mães, que já utilizam a canábis já são parte desses dados, não que os filhos de vocês sejam experimentos, mas é esse pioneirismo que vai fazer com que a gente tenha um estudo científico lá pra frente. Mas a gente também precisa pensar na canabis como um produto farmacêutico. Pensar em composição, em formas de uso, ter estes dados, para ter embasamento e entrar com registros. Ou ter um próprio produto nacional também. Pensando tecnologicamente que a canábis é um produto estratégico. Ele tem um alto valor agregado. Muitas fábricas do exterior têm falado que não possuem matéria prima para fabricar o medicamento, por isso o alto valor agregado. Então, pensando em Brasil, em País, é muito interessante que a gente desenvolva essas tecnologias e tenha um medicamento nacional e possa plantar aqui”, explicou a química.

 

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