Um estudo examinou o conceito de deficiência endocanabinoide clínica (CECD), e a perspectiva de que poderia estar subjacente à fisiopatologia da enxaqueca, fibromialgia, síndrome do intestino irritável e outras condições funcionais aliviados pela cannabis clínica.
MÉTODOS: A literatura disponível foi revisada, e pesquisas bibliográficas foram realizadas através do banco de dados da Biblioteca Nacional de Medicina e outros recursos.
RESULTADOS: A enxaqueca tem numerosas relações com a função endocanabinoide. A anandamida potencia o 5-HT1A e inibe os receptores 5-HT2A, apoiando a eficácia terapêutica no tratamento da enxaqueca aguda e preventiva. Os canabinoides também demonstram efeitos de bloqueio da dopamina e anti-inflamatórios. A anandamida é tonicamente ativa na substância cinzenta periaquedutal, um gerador de enxaqueca. O THC modula a neurotransmissão glutamatérgica via receptores NMDA. A fibromialgia é agora concebida como um estado de sensibilização central com hiperalgesia secundária. Os canabinoides demonstraram similarmente a capacidade de bloquear mecanismos espinhais, periféricos e gastrointestinais que promovem dor na dor de cabeça, fibromialgia, SII e distúrbios relacionados. O passado e potencial utilidade clínica de medicamentos à base de cannabis em seu tratamento é discutido, assim como outras sugestões para a investigação experimental de CECD através de exame do líquido cefalorraquidiano e neuro-imagem.
CONCLUSÃO: Enxaqueca, fibromialgia e condições relacionadas apresentam padrões clínicos, bioquímicos e fisiopatológicos comuns que sugerem uma deficiência endocanabinoide clínica subjacente que pode ser adequadamente tratada com medicamentos canabinoides.
O estudo foi publicado em: Neuro Endocrinol Lett. 2004 Feb-Apr;25(1-2):31-9.
Fonte: Centro de Excelência Canabinóide