m mesa redonda sobre O Uso da Maconha no Brasil, realizada no programa do Ministério do Povo da Rádio Gazeta AM, durante a manhã desta quinta-feira (17), o juiz alagoano Alberto Jorge se posicionou favorável a legalização do uso medicinal e recreativo da planta no país. Contudo, o magistrado alertou que, diante da atual conjuntura política do Brasil, dificilmente isso venha acontecer nos próximos anos.
Além do juiz, foram convidados para o debate na Rádio Gazeta, Luan Paraíso, representante da Marcha da Maconha em Alagoas; Noélia Costa, presidente do Fórum de Combate às Drogas no Estado; e Mário Augusto, psicólogo. O debate teve, ainda, a participação de ouvintes contrários e favoráveis a legalização da maconha.
“Há uma série de preconceitos envolvendo o tema. Estamos em um momento muito difícil no Brasil, por um lado temos uma corrente chamada politicamente correta. Do outro lado temos a outra corrente extremamente conservadora, de modo que esse tipo de discussão fica muito prejudicada por fatores emocionais, religiosos e etc. Mas o uso de substâncias entorpecentes é comum na história da humanidade, aliás todos nós usamos – as chamadas drogas lícitas -, e são drogas que causam muita dependência física e psicológica, principalmente por serem sintéticas”, disse o juiz.
Ainda em sua fala, o magistrado avaliou que usar droga não é crime, o crime é porta-la. “É importante alertar a sociedade que o uso não é crime, crime é o ato de portar a droga. Outro ponto importante é o de alertar ao usuário que isso não é o paraíso, pode até ser, mas é um paraíso artificial”, avaliou Alberto Jorge, acrescentando que, hoje, tem uma posição muito favorável à liberação de todas as drogas.
“Eu já compreendi junto aos alunos da UFAL, diante de várias pesquisas com relação ao uso especificamente da maconha, que há muita evidência científica de que a cannabis causa uma série de males à saúde, por exemplo ela dispara gatilhos para esquizofrenia, provoca câncer de língua, provoca impotência. Agora, dentro de uma perspectiva liberal, eu acho que nós devemos ter a perspectiva de que o Estado não deve tutelar os adultos. Eu acho que cada um deve fazer com seu corpo que ele bem entender, mas o usuário precisa ter consciência que não pode dar trabalho para os outros e que não pode dar prejuízo por estado”, ressaltou o magistrado.
Por outro lado, as partes contrárias à legalização alertaram: “A maconha abre alas para outras drogas. A opinião do fórum de Combate às Drogas é que a o Brasil é um país sem educação, sem saúde e sem Justiça, e a legalização pode aumentar ainda mais essas problemáticas, por isso somos contrários”, alertou Noélia Costa.
Já o psicólogo apontou para a questão da saúde mental do usuário. “A maconha é psicotrópica, altamente viciante, é um problema para o formação dos neurônios, comprovado pela ciência. Sabemos que até os 21 anos os neurônios estão sendo formados e que até atingir essa idade é altamente perigoso o uso de psicotrópicos”, alertou o psicólogo Mário Augusto, que afirmou ser contrário à legalização, mas que se sente tentado a mudar de opinião quando se diz respeito ao tratamento medicinal.
“Se liberar isso vamos ter uma fábrica de esquizofrênicos. O Brasil é o país que mais tem esquizofrênicos no mundo”, alertou o psicólogo, apontando que o THC potencializa a esquizofrenia em quem apresenta distúrbios psiquiátricos. Mas ele não dispensou a potencialidade da maconha no tratamento de doenças não relacionadas a problemas mentais.
Já o representante da Marcha da Maconha, Luan Paraíso, enfatizou o que o magistrado apontou. “As pessoas usam todos os dias e não é a proibição que vai evitar isso. Se legalizar a maconha o tráfico vai diminuir e, consequentemente, a violência também. Quem sofre com essa guerra das drogas são as minorias, negros e pobres. Os grandes donos do tráfico não se envolvem. Luto principalmente pela questão medicinal, já que ela auxilia no tratamento e até cura diversas doenças”, alertou o jovem, que apontou que a Marcha da Maconha já tem data marcada para acontecer em Maceió, será no dia 4 de maio deste ano.
Por fim, o Alberto Jorge fez suas considerações finais. “O fato é que a criminalidade organizada está manipulando esse comércio, manda nesse comércio, e se o Estado trouxesse para si essa responsabilidade, creio que a gente minimizaria uma das fontes fundamentais do crime organizado e, ainda, iria render um grande número de impostos para o Estado”, finalizou.
Fonte: GazetaWeb