E outro assunto sistematicamente adiado quase teve um desfecho. Trata-se da votação sobre regulamentação do plantio e comercialização da maconha medicinal no Brasil. A previsão é de que a diretoria colegiada da Anvisa vote o assunto na terça-feira (3). Mas o presidente do colegiado, William Dib, tentou pautar o tema ontem, depois que o militar Antônio Barra e o também diretor Fernando Mendes afirmaram que estavam com seus votos prontos durante a reunião. Mas Barra argumentou que a votação deveria ficar para a próxima semana, conforme o previsto, para que houvesse “transparência” no processo. “Devemos primar pelo rito para que não haja nenhum arranhão”, disse ele.
Por seu turno, o ministro Osmar Terra não perdeu a chance de fazer barulho e capitalizar em cima do eleitorado conservador – mesmo estando do outro lado do planeta, no Qatar. Segundo ele, a regulamentação da maconha medicinal “abre a porta para liberar drogas”. E, claro, não faltaram ataques ao diretor-presidente da Anvisa; já virou um clássico. Para Terra, Willian Dib “não entende nada” sobre uso medicinal da Cannabis e quer a liberação, pois está “em consonância com poderosos interesses”. “Ou ele está ouvindo alguns interessados economicamente nisso ou está realmente querendo liberar a droga no Brasil”, sentenciou, acrescentando: “Essa conversa de que vai ter um lugar controlado para fazer pesquisa é conversa fiada. Qualquer permissão que tu der para plantio de substâncias que são proibidas abre a porta para a legalização”.