“Falar sobre o preconceito pode salvar vidas”, diz Viviane Sedola, da Dr. Cannabis

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A agenda de Viviane Sedola, CEO da plataforma Dr. Cannabis, está completamente lotada neste fim de ano. Apenas no final de novembro, ela participou de uma audiência pública sobre cannabis medicinal na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), foi curadora de um summit de cannabis e negócios, e fez parte da mesa Cannabis, o novo Bitcoin, do Wired Festival CreativeX, que aconteceu no Rio de Janeiro, e precedeu o Wired Festival. Como se não bastasse, ainda embarcou para Brasília para participar de uma audiência no Senado Federal sobre o tema. E não é à toa que esse é o core da sua plataforma.

Vivi vem de um background de startups – iniciou sua carreira no Groupon e saiu para co-fundar a Kickante, plataforma de crowdfunding, até que sentiu que deveria empreender em algo novo. Foi quando descobriu que no Brasil existem mais de 10 milhões de pacientes refratários aptos a fazer uso da cannabis medicinal. Até ano passado apenas cinco mil pessoas tinham entrado com pedido de importação para a Anvisa. Vale lembrar que no Brasil apenas uma entidade tem o direito de cultivar maconha para fins medicinais.

A Dr. Cannabis é uma plataforma que funciona como uma facilitadora do início ao fim desse processo. “Indicamos todo o caminho: quem está ou não legível, quais documentos são necessários, como dar entrada com o pedido, quem são os médicos, o que você pode comprar, como comprar, como receber o produto. Ou seja, acompanhamos todos os passos”, conta. Tudo gratuito, tanto para o médico quanto para o paciente.

“Quando eu criei a Dr. Cannabis não imaginei que estaríamos vivendo esse momento em 2019”, conta Vivi, e explica que esse ano foi ótimo para a maconha medicinal na esfera pública, com maior apoio político, discussões e audiências no Senado e na Câmara dos Deputados. “Esse ano a cannabis começou a ser discutida na esfera pública. Vimos vários movimentos regulatórios na Anvisa e só o fato de haver esse interesse por parte da agência já é algo muito positivo”, conclui.

No dia 3 de dezembro a Anvisa regulamentou o uso de produtos à base de maconha para fins medicinais. Um passo importante na luta de Vivi e da Dr. Cannabis, que visa facilitar e ajudar pessoas que necessitam dos remédios.

Mas há ainda quem torça o nariz ao ouvir qualquer menção à maconha, mesmo apenas para fins medicinais. “Um grande desafio é falar disso não apenas dentro da nossa bolha, mas também com quem tem preconceitos e, especialmente, com quem pode se beneficiar. É comum encontrar pessoas que descobriram doenças graves, tinham pavor do assunto e que hoje isso mudou a vida delas. Falar sobre esse preconceito pode salvar vidas”, conta.

De acordo com Vivi, esse estigma em relação aos medicamentos existe pela grande desinformação. “É uma questão de separar os temas. Muitas pessoas acham que estamos falando do uso recreativo, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra”, diz. E deixa a receita: “Agora que eu te contei, nós temos a responsabilidade de levar isso para mais pessoas. A informação correta é o melhor remédio”, termina.

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