Por que João Pessoa está se tornando a meca da maconha medicinal no Brasil

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João Pessoa, na Paraíba, tem dado mais passos à frente na produção de medicamentos com base de maconha. A cidade possui uma das poucas associações de plantio autorizadas à fazer o óleo – a Abrace – e organizações que atuam junto das autoridades políticas para acelerar a liberação do plantio ao redor do estado, como a Liga Canábica.

A Associação Brasileira de Apoio à Cannabis Esperança, a Abrace, tem mais de 3500 pacientes que se tratam utilizando o óleo de CDB produzido pela organização. Desde pacientes com depressão profunda até crianças com epilepsia, os medicamentos produzidos pela associação de João Pessoa atendem diversos tipos de doenças com o canabidiol.

Tudo surgiu porque Cassiano Teixeira tentou ajudar sua mãe, que tinha suspeita de câncer. Tentou plantar maconha ilegalmente em 2014 e depois tentou tentou importar ilegalmente. “Comecei importando ilegalmente mesmo, para tratar a minha mãe que estava com suspeita de câncer, com os mesmos sintomas que a minha tia, que morreu por causa da doença. Meus irmãos ficaram revoltados porque diziam que eu dava drogas para mamãe. Hoje todos eles fazem uso do óleo”, afirmou ao El País Brasil.

A Abrace foi a primeira associação no Brasil a ter autorização para fazer o plantio no Brasil e hoje ela busca até fazer uma expansão para uma segunda unidade em Campina Grande.

“Queremos começar com a permissão para as associações, mas que em um futuro próximo, os próprios pacientes façam o cultivo. Hoje contamos com uma equipe multidisciplinar, entre advogados, médicos prescritores e demais profissionais trabalhando em cooperação para que o uso medicinal se concretize”, afirmou Cassiano ao G1, em entrevista de 2019.

Além disso, a Liga Canábica é uma associação que busca não somente a liberação do plantio, mas também auxilia juridicamente e politicamente a liberação do óleo. Junto de parlamentares e instituições como a Universidade Federal da Paraíba, o grupo paraibano busca aumentar a capacidade da produção de maconha com fins medicinais no estado e também no resto do país.

Em entrevista ao El País, a mulher de Júlio explicou que, para salvar seu filho e conseguir um tratamento adequado pra sua condição, o casal foi até o exterior e entrou no tráfico internacional de drogas, passando com maconha em um frasco de shampoo por aeroportos para tentar seu filho.

“A Liga Canábica tem um trabalho que evidencia sua postura de ir além da simples liberação de óleo, mas busca políticas públicas efetivas que garantam acesso pleno para qualquer pessoa que necessite da maconha para fins medicinais, construída com a participação ativa dos pacientes que são aqueles que melhor conhecem essa realidade e podem contribuir para que as ações governamentais realmente atendam às suas necessidades”, afirmou Júlio Américo ao G1.

Fato é que o debate sobre a maconha medicinal tem se alongado mais do que deveria. Mesmo que suas propriedades medicinais tenham sido amplamente comprovadas e se demonstram como única alternativa para uma série de pacientes, as autoridades brasileiras parecem resistir a esse tratamento por questões diversas. É hora de dar um passo à frente.

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