Efeitos do CBD

Total
0
Shares
A sheet of cannabis marijuana in the defocus with the image of the formula CBD

O CBD é um canabinóide que, assim como o THC, se liga aos receptores de canabinóides espalhados pelo corpo humano, conhecidos como CB1 e CB2.

Diferente do THC, o CBD não é psicoativo, ou seja, ele não causa o “barato”, o efeito psicoativo. O CBD contrapõe alguns dos efeitos do THC, interagindo diretamente com ele. Pacientes informam que com o THC usados isoladamente, como na forma de dronabinol (THC sintético), os efeitos psicoativos são muito fortes, podendo causar paranoia, tontura e outros efeitos desagradáveis. Já em conjunto com o CBD, esses efeitos do THC são suavizados, enquanto seus efeitos medicinais permanecem os mesmos e até aumentam. Outros componentes da canábis também interagem dessa maneira. O CBD, entretanto, é mais abundante, perdendo somente para o THC na maioria das espécies da planta.

O CBD possui um efeito sedativo. Plantas com alto teor de CBD tendem a causar mais sono e relaxamento quando consumidas. Esse efeito do CBD também é acentuado dependo da forma de preparação do extrato.

O CBD como neuroprotetor

 O CBD ficou conhecido por sua associação com o tratamento da epilepsia. Quando diversos casos de crianças sendo tratadas com extratos de canábis começaram a aparecer em 2014, cada vez mais a palavra CBD era utilizada na mídia. Numa tentativa de desvencilhar o CBD da maconha, o componente foi mencionado dezenas de vezes como se fosse o único canabinóide que pudesse tratar doenças.

A Canábis e os neurônios

De fato, o CBD foi estudado como um potencial neuroprotetor. O componente parece proteger células nervosas de se superexcitarem – processo que ocorre naturalmente em pessoas saudáveis, mas em excesso na epilepsia, causando as características convulsões e espasmos. Outros canabinóides– como o próprio THC – também possuem efeito neuroprotetor. É possível que esses componentes ajam em conjunto com o CBD para a tratar a epilepsia.

CBD como anti-inflamatório

O CBD parece ter propriedades anti-inflamatórias, demonstrando potencial para o tratamento de diversas doenças inflamatórias, como a artrite reumatoide, a esclerose múltipla, a doença de Crohn, diabetes tipo 1, entre muitas outras.

Esse efeito foi observado tanto com o CBD isolado como em sua forma natural (maconha rica em CBD). Um estudo comparando a eficácias das duas formas, concluiu que a espécie de canábis rica em CBD é um anti-inflamatório superior ao CBD isolado.

Mais estudos são necessários para determinar a eficácia do CBD como um anti-inflamatório.

CBD no tratamento da dor

Diferente do THC, o CBD isolado não possui efeito analgésico. Utilizado em conjunto com o THC, contudo, o CBD parece potencializar os efeitos do THC no combate à dor crônica, sobretudo a dor neuropática (comum em pacientes com câncer ou AIDS, por exemplo). Ao que tudo indica, o CBD e o THC em conjunto são mais eficazes do que o THC isolado no tratamento da dor.

É importante salientar que dosagens altas de THC causam aumento na sensação de dor, enquanto dosagens mais baixas tendem a diminuir a dor. É importante, portanto, encontrar a dosagem adequada para o tratamento em questão, inclusive o equilíbrio entre o THC e o CBD, que varia entre diferentes espécies de canábis. Pesquisadores explicam que a canábis não bloqueia a dor como opiáceos, por exemplo. Ela parece simplesmente aumentar a capacidade do usuário em tolerar a dor.

Com abundante evidência envolvendo o uso da canábis no tratamento da dor, a planta já é aceita como um analgésico pela medicina tradicional. Em estados americanos onde o uso medicinal da canábis foi legalizado, as vendas de analgésicos a base de opiáceos caiu consideravelmente, indicando uma preferência pela canábis por parte de muitos pacientes.

CBD no combate a surtos psicóticos

Pesquisas com pacientes que automedicam com canábis identificaram um alto número de pessoas utilizando a erva para tratar problemas psiquiátricos; com ou sem acompanhamento médico. Uma pesquisa realizada na Califórnia, em 1999, identificou 660 (26,6%) pacientes automedicando problemas psiquiátricos com canábis. Entre eles, 274 sofriam de stress pós-traumático; 162 de depressão; 73 de ansiedade; 46 de depressão neurótica; 34 de desordem bipolar; 26 de esquizofrenia; 15 de déficit de atenção; 8 de distúrbio obsessivo-compulsivo; 5 de síndrome do pânico; 17 de outras enfermidades.

O efeito sedativo do CBD parece acalmar pacientes psiquiátricos, mas os efeitos da canábis por inteira estão obscurecidos pela falta de estudos. O sistema endocanabinóide parece estar diretamente ligado ao funcionamento do cérebro. Ao bloquear receptores de canabinóides, cientistas observaram que pacientes entravam em depressão e tinham pensamentos suicidas. O bom funcionamento do sistema endocanabinóide, portanto, deve estar associado a um cérebro saudável, o que indica um forte potencial da canábis no tratamento de distúrbios psiquiátricos.

CBD e câncer

Em diversos estudos pré-clínicos (em laboratório ou em animais, não em humanos), o CBD demonstrou forte potencial no tratamento de diferentes tipos de câncer. Centenas de estudos demonstram efeitos antitumorais e anticancerígenos por parte do CBD isolado. Estudos em humanos, contudo, são necessários para determinar se o CBD realmente pode ser utilizado nesse tratamento.

Outros tratamentos

O CBD é um componente com grande potencial terapêutico, sendo cogitado em diversos tratamentos, como o Mal de Parkinson, insônia, espasmos musculares, entre diversas outras enfermidades.

Faltam investimentos em estudos, não somente com o CBD, mas com a canábis como um todo, já que diversos de seus componentes parecem agir no organismo e até potencializar os efeitos terapêuticos uns dos outros. Apesar da grande atenção que o CBD tem recebido, é preciso lembrar que ele é apenas um componente, dentre diversos outros presentes na planta, e ele nem é o mais estudado.

Mais conhecimento sobre esse e outros componentes pode significar uma expansão na compreensão da biologia humana e um passo à frente no tratamento de dezenas de enfermidades. Quanto mais soubermos sobre o CBD e a canábis, mais podemos avançar na luta pelo direito à vida e ao tratamento de escolha de pacientes e usuários.

Referências
The Pot Book – Julie Holland
Canábis and Cannabinoids – Pharmacology, Toxicology and Therapeutic Potencial
Cannabinoids inhibit neurodegeneration in models of multiple sclerosis – Pryce et al
Decreased prevalence of diabetes in marijuana users – Rajavashisth et al
O Uso Medicinal da Canábis – Susan Witte
Marijuana Medical Handbook – Dale Gieringer

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

You May Also Like

Associações e Organizações de Apoio Canábicas

ACuCa – Associação Cultural Cannábica de São Paulo https://www.acucasp.org.br/ https://www.facebook.com/acucasp/ https://www.instagram.com/acucasp/ Abrace – Associação Brasileira de Apoio a Cannabis Esperança Organização sem fins lucrativos cujo objetivos principais não é só…
View Post