Produção insuficiente de maconha causa filas no Canadá e busca por mercado ilegal

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Desde 17 de outubro é possível comprar maconha para fins recreativos legalmente no Canadá (para fins medicinais, a produção e o comércio da planta são legalizados desde 2001). Entretanto, a alta procura pelo produto não condiz com a velocidade com que ele é produzido, e isso acaba por fazer com que os clientes procurem o que desejam no comércio ilegal.

A legalização da maconha foi vista com bons olhos pela população: 70% afirma aceitar ou apoiar a medida. É possível entender o porquê, já em 2017, antes da legalização, 4,9 milhões de canadenses fizeram uso de cannabis, movimentando cerca de 4,2 bilhões de dólares canadenses (cerca de 16 bilhões de reais), sendo 90% desse montante no mercado ilegal.

Com a medida, adotada no governo de Justin Trudeau, a estimativa era converter 30% desses usuários para o mercado legal e diminuir o restante de consumidores ilegais nos anos seguintes. No entanto, a produção não conseguiu acompanhar os altos índices de consumo: em Ontário, os sites de venda receberam 100 mil pedidos em apenas 24 horas.

Em Montréal a solução foi fechar as portas; ao menos três vezes na semana. “No primeiro mês, os produtores licenciados nos entregaram só 40% do que previa o contrato”, diz Mathieu Gaudreault, porta-voz do SQDC (Sociedade Quebeque de Cannabis, órgão do governo responsável pelo comércio). “O Quebec havia previsto a compra de 60 toneladas de cannabis ao longo do primeiro ano de venda legal de maconha. Mas ficou claro que não há produção suficiente”, conclui.

As lojas da SQDC abrem as portas nas quintas-feiras e recebem cerca de 5 mil visitantes no dia. Nos fins de semana, as prateleiras já estão praticamente vazias e o movimento diminui consideravelmente. Os painéis e livros no interior explicam as variações das plantas (sativa, índica, híbrida), as concentrações dos princípios ativos, os formatos disponíveis (flores, óleo, spray, pílulas), tempo médio de duração do efeito e os riscos de consumo.

58% dos canadenses, no entanto, demonstram um certo receio de que a legalização possa ser mais acessível para crianças e adolescentes, mas o governo de Quebec já anunciou que vai aumentar a idade mínima para compra de 18 para 21 anos.

O ministro Bill Blair, ex-policial que cuida de fronteiras e redução do crime, reitera que o foco da legalização é retirar recursos das organizações criminosas. “Maconha não mata, mas traficantes de maconha podem matar”, disse.

As estimativas são de que o novo mercado, “a bolha verde”, movimente cerca de US$ 5 bilhões em 2020, visto que os consumidores avaliaram a maconha legal como de preço competitivo e qualidade superior ou igual à ilegal. Isso significa superar o mercado de destilados (US$ 3,8 bilhões em 2017) e encostar no de vinhos (US$ 5,2 bilhões).

Fonte: Yahoo

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