Muito antes da recente liberação da venda de remédios à base de maconha em farmácias, o Brasil já teve períodos em que a substância cannabis era comercializada livremente como medicamento. O uso da maconha com fins medicinais é descrito nas páginas do Estadão desde o fim do século 19.
“Um infeliz carregador de jornaes, atacado de violenta asthma com suffocações, ia ver-se obrigado a abandonar a modesta posição que lhe assegurava o pão, bem como à família, quando leu casualemente um jornal que tratava da efficacia dos Cigarros de Cannabis Indica da Grimault & C. Fez uso della, e tão satisfeito ficou que, no auge da alegria, escreveu que sem elles sua vida seria impossível”, destaca o anúncio de 22 de maio de 1896.
Como não havia restrição à droga – só em 1938 a substância foi considerada entorpecente – e o uso medicinal era corriqueiro, havia vários anúncios patrocinados por médicos e clínicas exaltando os benefícios da cannabis em tratamentos de saúde.
As principais indicações eram para problemas respiratórios como asma, bronquite e tosse. Os “cigarros índios” (cigarrettes indiennes) com a substância cannabis indica, do laboratório francês Grimault & Comp, eram vendidos sem restrições e seus benefícios eram veiculados em testemunhais na seção livre, a de pequenos anúncios, do jornal.
Além de problemas respitarórios, os remédios com maconha também eram indicados para insônia. Os “Cigarros Índios” (cigarrettes indiennes) com a substância ‘cannabis indica’ prometiam alívio imediato dos sintomas. Industrializados, os cigarros eram vendidos embalados e comercializados pelo laboratório francês Grimault & Comp.
Em 1919, a substância também aparecia como sugestão para o tratamento da gripe espanhola.