TEM MESMO MUITA MACONHA SENDO PLANTADA NAS UNIVERSIDADES (SÓ QUE NOS EUA)

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Só na Universidade do Mississippi há perto de 10 mil pés de Cannabis – o suficiente para produzir 2 toneladas de maconha ao longo de 2019, para fornecer para laboratórios de pesquisa do país inteiro. A demanda nunca foi tão alta, devido ao boom da maconha medicinal nos últimos anos. O plantio é feito sob encomenda do governo dos Estados Unidos.

O de Mississippi não é o único campus universitário americano onde há maconha. Na Universidade da Califórnia em Los Angeles há uma iniciativa de pesquisa sobre Cannabis , para avançar o conhecimento sobre a planta e seu uso medicinal. Em universidades como a do Norte do Michigan e a Minot State, em Dakota do Norte, há cursos de quatro anos de química de plantas naturais, dos quais os alunos saem versados em cultivo e processamento de maconha. Na Universidade de Maryland, há uma pós-graduação em ciência e terapêutica canábica, para formar gente capacitada para produzir medicamentos com essa planta. Na Universidade da Califórnia, em Davis, há um curso de fisiologia da Cannabis , sobre a biologia da planta e a de nosso sistema endocanabinóide. Isso sem falar em escolas especializadas, como a Universidade Oaksterdam, em Oakland, Califórnia, especializada em formar gente para trabalhar na indústria legal da maconha – seja como cientista, terapeuta, técnico ou gestor.

Enfim: há mesmo muita maconha crescendo dentro de universidades, como disse semana passada o ministro Abraham Weintraub, ironicamente da Educação. Mas nos Estados Unidos, não aqui no Brasil.

É natural que haja empolgação com a Cannabis nas universidades americanas. Segundo um relatório recente, a indústria da maconha legal é a que mais está gerando novos empregos no país – o número de vagas cresceu 110% entre 2017 e 2019, com a onda de legalização e o aumento do mercado para produtos medicinais de maconha. Nenhuma outra indústria contratou tanta gente no período: a que chegou mais perto, a fabricação de placas solares, cresceu 105%. Já há quase 300 mil americanos empregados direta ou indiretamente na indústria canábica – bem mais do que o número de funcionários trabalhando em cervejarias ou em indústrias têxteis.

Ao que tudo indica, essas novas vagas continuarão surgindo ainda por muitos anos. Afinal, o potencial de crescimento da indústria é descomunal. O mercado de Cannabis legalizada moveu cerca de US$ 10 bilhões em 2018, ao redor do mundo. Pois a estimativa é que esse número supere us$ 150 bilhões em apenas uma década – uma média de crescimento de 35% ao ano, por dez anos, números com potencial para tirar milhões de pessoas da pobreza e distribuir riqueza por um país inteiro. Já é uma indústria bilionária, que vai passar décadas crescendo mais do que qualquer outra e vai empregar uma multidão, com bons salários. Claro que qualquer universidade que esteja fazendo decentemente seu trabalho de gerar conhecimento que possa impactar o mundo e formar gente bem preparada para o futuro está atenta ao assunto.

E não só nos Estados Unidos. Ao redor do mundo, tem gente percebendo que levar maconha para a universidade é uma oportunidade imensa. Nenhum país do mundo está tão atento a isso quanto Israel, que tem tradição tanto na pesquisa médica quanto na agronômica. O Instituto de Tecnologia de Israel – Technion – tem um laboratório tão avançado para estudar as complexas interações entre as centenas de substâncias químicas presentes na maconha que seu chefe David Meiri andou dizendo em palestras que a Nasa tem inveja de seu equipamento.

De olho em atrair startups e virar um polo de inovação, a República Tcheca criou o Instituto Internacional de Cannabis e Canabinóides, para pesquisar a planta e as portas de entrada para ela em nosso corpo, registrar patentes e formar muita gente, de muitas áreas. Na Tailândia, a Universidade Rangsit criou um curso sobre Cannabis dentro de sua faculdade de inovação agrária.

Na América do Sul, foi a Colômbia quem saiu na frente. A Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Nacional lançou um curso de cultivo, aproveitamento medicinal e cosmético da Cannabis . Com leis mais modernas que a maior parte do continente, os colombianos estão tentando tornar-se um celeiro global de Cannabis , se aproveitando da alta incidência de sol e da sorte de que seu vizinho grandão com tradição agrícola, o Brasil, está preso nos anos 1970 e cego a oportunidades.

Daqui a dez anos, mais de trilhões de dólares terão sido movimentados pela indústria da Cannabis , e grande parte dessa quantia gerará prosperidade nos países que fizerem a lição de casa, criarem regulações inteligentes e investirem em pesquisa e educação. Ao que tudo indica, o Brasil não estará entre eles. Aqui dá mais ibope ficar falando bobagem e atacando as universidades, por mais que isso só sirva para tornar ainda mais difícil a inovação.

 

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