Há alguns meses, Sierra Riddle estava na fila da segurança do Aeroporto Internacional de Los Angeles com um frasco escuro de óleo de óleo de THC – o tetraidrocanabinol, elemento psicoativo presente na cannabis – na bolsa.
A assistente de enfermagem de 31 anos do sul do Oregon viajava com o filho Landon, de 9, e usa a maconha medicinal para tratar uma dor grave nos nervos dele, consequência da quimioterapia, e também sua própria dor crônica. A caminho de uma conferência médica em Dallas para falar do uso que seu filho fazia da substância, ela “meditava e rezava para que conseguissem passar pela segurança” quando um agente da Administração para Segurança dos Transportes (TSA, na sigla em inglês) tirou o frasco de sua bolsa.
– Disse a ele que era só um óleo botânico, mas ali é Los Angeles; o pessoal conhece tudo desses lances e obviamente sabia o que era aquilo – conta ela.
Para surpresa de Riddle, o agente lhe disse que, embora fosse ilegal voar com maconha e ele fosse obrigado a chamar a polícia, apenas jogaria o vidro fora e não a denunciaria.
Como já são 33 os estados que permitem alguma forma ou outra de maconha medicinal, é de imaginar que quem viaja levando a substância não terá problemas. Acontece que há discrepâncias entre um governo e outro e as autoridades federais, e se você não conhecer as regras pode acabar sendo detido ou, no mínimo, envolvido em um imbróglio legal.
O que fazer?
O governo federal norte-americano ainda classifica a maconha, mesmo na versão medicinal, como substância controlada de Categoria I, ou seja, quem a transportar de um estado para o outro estará cometendo um crime federal e pode ser acusado de tráfico. Sem contar que pode pegar até cinco anos de cadeia e pagar uma multa de US$ 250 mil pela primeira violação.
Internacionalmente, as multas e punições por posse de maconha podem ser muito mais severas, incluindo penas mais longas e até execução, em caso de grandes volumes.
Nos aeroportos
A TSA garante que seu objetivo não é procurar especificamente a maconha medicinal.
– Nossa preocupação é com a segurança e a busca por aquilo que pode ser perigoso dentro do avião. Mesmo que a TSA seja uma agência federal e muitas vezes a impressão seja a de excesso de cuidado por parte dos agentes na verificação da bagagem, nosso interesse não é a busca por maconha ou outras drogas – explica Mark Howell, porta-voz regional.
Cuidado: embora uma postagem recente na página do órgão no Instagram afirme que “nossos agentes NÃO estão à procura de maconha ou outras drogas ilícitas”, se as encontrarem são obrigados por lei federal a entregá-las, e o dono, às autoridades policiais locais.
– Nos estados em que a versão medicinal for legal, basta apresentar seu cartão que os agentes a devolverão sem problemas – completa Howell.
É bom também dar uma olhada nas regras da companhia aérea: várias delas, incluindo Delta Air Lines, Alaska Airlines e American Airlines, têm a política de proibir a maconha medicinal (THC) em seus aviões, mesmo com a apresentação do cartão.
No destino
Familiarize-se com as leis do estado para onde está indo ou por que vai passar, pois, mesmo que tenha o cartão, você pode ser detido e indiciado por posse em lugares onde a maconha medicinal não foi legalizada.
Quase 20 estados aceitam autorização de fora, mas as leis de reciprocidade variam muito.
No Arkansas, por exemplo, o visitante tem de se registrar no programa local com 30 dias de antecedência e pagar uma taxa não reembolsável de US$ 50. Também não pode se esquecer do limite de compra estadual, que pode variar para quem mora ou está no estado temporariamente. Quem reside no Oregon pode manter até 680 gramas, mas quem está de passagem só tem direito a 28 gramas.
Na estrada e estações ferroviárias
A política da Amtrak, a principal companhia de trens dos EUA, é rígida: “É proibido o uso ou transporte de maconha sob qualquer forma para qualquer fim, mesmo nos estados ou condados em que o uso recreativo e/ou medicinal é permitido.”
A companhia de ônibus Greyhound Lines proíbe bebidas alcoólicas e drogas “em qualquer área dos ônibus (incluindo a bagagem despachada)”.
Se você prefere viajar de carro levando maconha medicinal, saiba que há riscos. Muitas detenções são realizadas em inspeções de tráfego, de acordo com a ONG Americans for Safe Access. A recomendação é manter a substância no porta-malas e jamais fazer uso dela antes de assumir o volante. Nem levá-la a um estado onde a posse seja ilegal.
E o CBD?
Em maio, a TSA atualizou suas regras para o transporte aéreo da maconha medicinal, permitindo aos membros do público levar produtos como o óleo de canabidiol que contenha menos de 0,3 por cento de THC. O CBD é uma molécula da planta que não “dá barato”. O passageiro pode levar os itens aprovados pelo FDA na bagagem despachada ou na mala de mão.
Lembre-se sempre dos documentos
– Sempre recomendamos ao paciente que leve consigo a recomendação médica, caso seja parado pelas autoridades policiais – diz Debbie Churgai, diretora interina da Americans for Safe Access.- Pedimos também que tenha à mão o cartão de identificação médica, saiba o número do médico e também o do advogado, mas só para prevenir.