Derivados de cannabis, o novo negócio das mulheres empreendedoras nos EUA

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Meio século após o sucesso das reuniões Tupperware, diversas mulheres americanas agora comercializam produtos derivados da maconha, e não mais na sala de estar, mas pelas redes sociais.

O óleo de cannabis se tornou um dos produtos mais procurados da venda direta realizada por mulheres empreendedoras que usam o Facebook e outras redes para chamarem a atenção de possíveis clientes.

Durante décadas, os produtos mais populares da venda direta dessas donas de casa eram as vasilhas de plástico Tupperware, produtos de beleza Avon, joias e ervas medicinais Herbalife, entre outros.

A primeira grande revolução chegou com a venda de brinquedos sexuais e lingeries por parte dessas mulheres, que se reuniam para comprar e vender esses produtos inovadores a amigas e vizinhas.

Agora, as donas de casa que buscam uma renda extra vendem e recrutam pela internet mais vendedoras para os produtos elaborados à base de cannabidiol (CBD), um dos dois principais componentes da maconha.

O produto da vez é o óleo de cannabis, que promete aliviar as convulsões da epilepsia, náuseas, artrite, dor de cabeça, inflamações, falta de sono e depressão.

Fumar maconha ainda é ilegal na maior parte dos Estados Unidos, mas a proibição do uso recreativo não impediu que em 2018 fossem vendidos US$ 11 bilhões em produtos derivados de cannabis, incluindo medicinais e comestíveis.

“A indústria da maconha é um grande negócio. Em 2017, vendeu US$ 9 bilhões, chegou a US$ 11 bilhões no ano passado e projeta um faturamento de US$ 21 bilhões em 2021”, disse Tom Adams, diretor da BDS Analytics, empresa que monitora a comercialização de cannabis.

Com base na análise do mercado feita pela empresa, que também projetou as tendências para 2019, Adams prevê que a utilização de tecnologia de ponta permitirá o consumo de “uma nova variedade de produtos”.

Entre esses produtos estão pós para serem dissolvidos em alimentos e bebidas, inaladores, tiras que dissolvem na boca e até mesmo supositórios.

Eles se somarão às formas mais populares atuais de se consumir cannabis sem fumar, que vão desde as plantas tradicionais a produtos processados, como óleos aromáticos e vaporizadores.

Também há suplementos alimentares, produtos assados, barras achocolatadas e doces, além de loções, esfoliantes, cápsulas de óleo de cânhamo e desodorantes.

Adams também destacou que o negócio da maconha é sustentado por mais de 120 mil pessoas que trabalham ao redor da cannabis nos EUA, incluindo cultivadores, fabricantes, varejo, distribuidores e laboratórios de testes.

Caso esta trajetória de crescimento seja mantida, esses postos de trabalho podem chegar a 292 mil até 2021, segundo as estimativas da BDS Analytics.

O uso recreativo da maconha somente é autorizado no Distrito de Columbia, onde está a capital do país, Washington, além dos estados de Alasca, Colorado, Michigan, Nevada, Oregon, Washington, Vermont, Maine, Massachusetts e Califórnia.

A maconha medicinal é legalizada em outros 30 estados, entre eles Illinois, onde o novo governador, o democrata J.B. Pritzker, tem planos de autorizar o uso recreativo para canalizar dinheiro para educação e infraestrutura.

Segundo o portal Cannabiz Media, há 9.397 licenças ativas para os negócios de maconha, que além da venda em dispensários usam a internet para chegarem ao consumidor com produtos que não se fumam.

As propriedades de cura do cannabidiol (CBD) ainda não foram referendadas pela Administração de Alimentos e Fármacos (FDA), a agência que controla os alimentos e remédios nos EUA.

No entanto, é sabido que se trata de uma substância encontrada no cânhamo industrial e que, ao contrário do cannabinoide, psicoativo principal na maconha (THC), não produz euforia nem intoxicação.

O CBD, cujos produtos cresceram mais de 80% no ano passado, seria a nova fronteira para as vendas diretas, com um total de US$ 591 milhões.

Steven Thompson, fundador da Zilis, com sede no Texas, que elabora produtos com CBD, declarou ao jornal “Chicago Tribune” que a empresa cresceu mais de 500% nos últimos dois anos e atualmente conta com 30 mil “embaixadores de marca” ou vendedores, 70% deles mulheres.

Resta saber se esta nova moda é mais lucrativa que a da multinacional Herbalife, que precisou indenizar milhares de vendedores após a Comissão Federal de Comércio (FTC) ter identificado em 2016 que “a arrasadora maioria dos distribuidores” ganhou “pouco ou nada de dinheiro”.

Fonte: EFE

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